As outras polémicas que marcaram "Top Gear"

No incidente mais recente, a equipa teve de abandonar a Argentina, depois de vários protestos.
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O programa "Top Gear", um formato britânico de sucesso internacional sobre o mundo automóvel, já esteve no centro de várias polémicas. Hoje, a BBC anunciou que o apresentador Jeremy Clarkson foi suspenso na sequência de uma rixa com um produtor, mas para trás ficam outros episódios que deixaram a produção e a direção da televisão britânica à beira de um ataque de nervos.

Em outubro do ano passado, a equipa de "Top Gear" teve de sair à pressa da Argentina depois de vários protestos contra a matrícula de um dos carros e que alegadamente era alusiva às ilhas Falklands. Um Porsche tinha a matrícula H982 FKL, o que faz lembrar a guerra entre a Argentina e o Reino Unido pela soberania do arquipélago, que aconteceu em 1982, e Falklands (FKL). A produção do programa garantiu que foi uma coincidência, mas a equipa não se livrou de protestos e de ser apedrejada.

Também no ano passado, em maio, Jeremy Clarkson foi o protagonista de um incidente polémico. Desta feita foi acusado de racismo, após a divulgação de um momento das gravações do programa que nem chegou a ir para o ar. Nessas imagens, o apresentador faz uma rima infantil para escolher entre dois carros, mas altera a letra e é acusado de racismo. "Catch a nigger by his toe (" Apanha um negro pelo seu dedo"), cantarolou ele, levando a grande controvérsia e até a pedidos de demissão.

Dessa vez a BBC quase decidiu demitir o apresentador, mas a sua influência e popularidade terão contribuído para uma atitude mais branda. Mesmo assim, a televisão deu um sério aviso a Jeremy Clarkson de que não toleraria mais aquele tipo de situações e obrigou-o a pedir desculpa.

Já antes, em março, o apresentador fizera um comentário num especial sobre a Birmânia que foi encarado como racista. Depois de a equipa ter construído uma ponte sobre um rio birmanês, quando um homem a atravessa, Clarkson comenta: "That's a proud moment but there's a slope on it." Ou seja, "É um momento de orgulho, mas tem uma inclinação". Só que a palavra "slope" também pode ser usada para algo como "chinoca".

O mesmo género de indignação surgiu, em 2011, num especial passado na Índia. Jeremy Clarkson construiu uma casa de banho na parte de trás de um Jaguar e alegou que seria "perfeito" para turistas porque todos os que visitam o país acabam por sofrer de diarreia. O Alto Comissariado indiano considerou que o programa fizera "piadas baratas", usara "humor de mau gosto" e carecia de "sensibilidade cultural".

Centenas de queixas chegaram à BBC depois da emissão de um especial sobre a Albânia, no qual, para testar a capacidade dos porta-bagagens dos carros, os apresentadores simularam colocar o corpo de um homem muito obeso, alegadamente assassinado pela Máfia, no seu interior.

No México, o "Top Gear" também provocou alguma controvérsia, depois de os mexicanos terem sido descritos como "preguiçosos", "irresponsáveis" e "flatulentos". Os apresentadores comentaram ainda que não iriam receber queixas porque o embaixador mexicano estaria a dormir. Mas não. O embaixador não estava a dormir e queixou-se à BBC, exigindo um pedido de desculpa. Eduardo Medina Mora considerou que os comentários eram "ultrajantes, vulgares e inaceitáveis", além de "ofensivos, xenófobos e humilhantes", e só reforçaram os estereótipos negativos sobre a comunidade mexicana.

Já em 2008, Jeremy Clarkson esteve no centro da controvérsia quando fez uma piada com camionistas a matar prostitutas. Apesar das reclamações, a BBC defendeu o apresentador.

Queixas não faltaram desde a estreia de "Top Gear", a 20 de outubro de 2002, fossem elas por racismo, homofobia, promoção da condução com excesso de álcool ou danos nas viaturas. Mas os fãs, indiferentes a tudo isso, continuam agarrados a cada uma das emissões. Estima-se que semanalmente 350 milhões de pessoas vejam o formato, o qual é transmitido em mais de 150 países. Já com adaptações, a versão original, britânica, é agora apresentada pelo polémico Jeremy Clarkson, por Richard Hammond e por James May, tendo como piloto de testes o misterioso Stig.

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